Ah, as madrugadas.


Antes de ler, por favor leia aqui a primeira parte e segunda parte. Agora pode ler, mas lê escutando essa música. Obrigada.


As madrugadas sempre me deixam pensativo, principalmente me fazem pensar em você e olha só: hoje tá chovendo. Fazia tanto tempo que isso não acontecia, digo, chover em São Paulo. Eu sempre estou pensando em você

Você regressou à França e eu fiquei aqui, mais uma vez. Eu achei que dessa vez tudo seria diferente, cheguei a cogitar que tudo duraria por mais tempo do que qualquer humano pudesse calcular. Pensei que a partir do momento em que cravasse os pés em solos brasileiros tudo voltaria a ser como antes, continuaríamos do momento em que paramos. 

Não sei se você ficou sabendo, mas esses dias sua mãe me ligou. Me convidou para tomar um chá, mas você sabe, eu sempre preferi os cafés. Fomos àquele café que sempre te levava e você repetia inúmeras vezes que eu era o melhor namorado do mundo. Ela me disse que você estava ótima e eu sinceramente, preferia que ela não dissesse nada. 

Sabe quando estamos nadando e temos uma câimbra? O desespero invade e a única coisa em que conseguimos nos concentrar, é na dor. Foi assim que me senti, como um nadador enfrentando uma onda de azar.

São nesses momentos que percebo o quão falho sou, porque eu simplesmente não consigo ficar feliz por você, meu amor? Há tantas coisas que quero te dizer e tantos lugares mais que planejei te levar. Mas não deu tempo. Você se foi mais uma vez e desse vez, levou meu coração contigo.

Sua mãe me pediu, com toda a educação que possui, que eu te deixasse viver. Eu desabei. Tive vontade de mandar ela ir a merda, calar a boca e faltou pouco para eu jogar o resto do líquido preto que estava no meu copo bem na cara dela. Mas eu não o fiz. Como eu queria ser o Bukowski nessas horas, ele com certeza faria. Me levantei, coloquei o dinheiro na mesa e fugi. De mim e dos meus pensamentos melancólicos e enfurecidos.

Mas eu estou te libertando, aliás, fiz de você uma pessoa livre a partir do dia em que nos conhecemos.. Essa carta não é pra você, é pra mim e por isso não possui sequer a localização. Eu estou te esquecendo.

Deixei de pensar em nós, nos planos e desejos. Parei de lembrar dos seus olhos implorando por atenção, do resto de esmalte que você sempre deixava espalhado pelo chão da minha casa. Parei de ter banzo do cheiro que você deixava nos lençóis e das suas revistas jogadas no criado mudo. 

Estou deixando de te amar, mas é que cara, é foda nas madrugadas. 

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